Sintomas da depressão:
A depressão é uma das doenças mentais mais comuns do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas convivem com o transtorno. No Brasil, estima-se que cerca de 12% da população já tenha tido pelo menos um episódio depressivo ao longo da vida.
Apesar desses números alarmantes, ainda existe muito estigma em torno da doença. Muitas vezes, os sintomas são confundidos com preguiça, desânimo ou fraqueza de caráter. Na realidade, a depressão é uma condição médica complexa que altera o funcionamento do cérebro, do corpo e da vida social da pessoa.
A seguir, uma análise detalhada dos principais sintomas da depressão, baseada em evidências científicas e em manuais de diagnóstico como o DSM-5 e a CID-11.
1. Tristeza persistente
O sintoma mais clássico da depressão é a tristeza profunda e contínua. Não se trata de um simples “dia ruim” ou de uma frustração momentânea, mas de um estado emocional negativo que dura semanas ou meses.
Essa tristeza não melhora espontaneamente com distrações ou atividades prazerosas e muitas vezes é acompanhada da sensação de vazio, desesperança e desinteresse pela vida.
2. Perda de interesse e prazer (anedonia)
A anedonia é um dos sintomas centrais da depressão. A pessoa perde a capacidade de sentir prazer em atividades que antes eram agradáveis, como sair com amigos, praticar esportes ou até mesmo comer comidas favoritas.
Esse sintoma impacta diretamente a qualidade de vida, pois elimina a motivação para manter hobbies, relacionamentos e até a rotina básica.
3. Alterações no sono
O sono é profundamente afetado pela depressão. Alguns pacientes apresentam insônia, com dificuldade de pegar no sono ou despertares frequentes durante a madrugada. Outros desenvolvem hipersonia, dormindo muitas horas além do necessário.
Esses distúrbios do sono não apenas pioram o quadro depressivo, como também aumentam a fadiga e comprometem a capacidade de concentração.
4. Alterações no apetite e peso
A depressão pode levar tanto à perda quanto ao aumento do apetite. Em alguns casos, o paciente emagrece rapidamente sem estar em dieta. Em outros, há um ganho de peso expressivo, ligado à compulsão alimentar.
Essas mudanças refletem o impacto da depressão no metabolismo e nos neurotransmissores que regulam a fome e a saciedade.
5. Fadiga e falta de energia
Um dos sintomas mais debilitantes é a sensação constante de cansaço. Mesmo após horas de sono, a pessoa acorda sem disposição. Atividades simples, como tomar banho ou arrumar a cama, podem se tornar extremamente difíceis.
Esse esgotamento físico está ligado tanto ao desequilíbrio químico cerebral quanto ao efeito da falta de motivação e prazer.
6. Dificuldades cognitivas
A depressão também afeta as funções executivas do cérebro. Problemas de memória, falta de concentração e indecisão frequente são relatados por grande parte dos pacientes.
Esses déficits cognitivos podem prejudicar o desempenho acadêmico e profissional, reforçando o ciclo de baixa autoestima e isolamento social.
7. Sentimentos de culpa e inutilidade
A autocrítica exagerada é um traço comum. O indivíduo passa a se sentir um fardo para a família, inútil no trabalho e incapaz de lidar com a própria vida.
Esse sentimento de inadequação não corresponde à realidade, mas é uma distorção cognitiva típica da depressão, descrita por Aaron Beck, criador da terapia cognitivo-comportamental.
8. Irritabilidade e impaciência
A depressão não se manifesta apenas como tristeza. Em muitos casos, especialmente entre homens, o humor deprimido vem acompanhado de irritabilidade, explosões de raiva e intolerância.
Esse sintoma agrava os conflitos familiares e dificulta o diagnóstico, já que pode ser confundido com problemas de personalidade.
9. Isolamento social
Outro sinal frequente é o afastamento de amigos, familiares e colegas. O paciente evita convívio social, cancela compromissos e prefere permanecer sozinho.
Esse isolamento, embora pareça trazer alívio momentâneo, piora o quadro a longo prazo, pois elimina fontes de apoio emocional e aumenta a solidão.
10. Pensamentos de morte e suicídio
Nos casos mais graves, surgem pensamentos recorrentes sobre a morte ou até planos de suicídio. Estudos mostram que pessoas com depressão têm risco de suicídio até 20 vezes maior que a população geral.
Esse é o sintoma mais preocupante e requer intervenção imediata. No Brasil, o CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece apoio gratuito e sigiloso pelo telefone 188.
Conclusão
A depressão não é apenas tristeza ou desânimo. É um transtorno que envolve múltiplos sintomas físicos, cognitivos e emocionais, impactando profundamente a vida do paciente.
Reconhecer os sinais e buscar ajuda profissional é fundamental para interromper o ciclo de sofrimento e iniciar o processo de recuperação.